Roteiro de 03/10 - Parc de la Tête d'or
Hoje o passeio parecia mesmo uma excursão. Éramos um grupo de estrangeiros muito interessante: duas brasileiras, dois italianos, três russos, uma espanhola, uma alemã e um americano. Mistura de línguas, de sonoridades, tendo o francês como referência comum, mas usando todas as possibilidades lingüísticas para nos comunicarmos.
O programa era conhecermos o parque e lá fomos nós.
Ah! Os parques franceses! Pra variar, enormes! Lindo em seu esplendor verde. Gramados a perder de vista, com nichos de belas árvores para fazerem sombra. Como estava um belo dia, quente, um mundo de gente pra aproveitar o sol!
Uma coisa que me encanta aqui é a quantidade de carrossel, daqueles antigos, com luzes coloridas. Quando passei perto de um deles, enquanto girava, tocava Frére Jacques (soleil matiné, din, din don). De novo um passeio pela memória de infância, delicioso. Próximo do carrossel, um palco todo preparado para se iniciar um teatro de marionetes (Guignol, o principal personagem aqui) e um mundo de crianças.
Logo à frente o zoológico e vamos caminhando tranqüilos, cheios de memórias.
Cheio de belos caminhos chegamos a dois lugares maravilhosos: um belo e grande lago e à sua frente um jardim de rosas, em canteiros e combinações que os franceses tão bem sabem fazer. É o final da primavera que permanece, enchendo o parque de cores.
Nessa caminhada, duas delícias: a primeira é que, ao contar ao italiano que eu era de Minas Gerais, ele com seu sotaque bem típico, me pergunta: a terra do sertão? Pois não é que ele é um leitor e admirador de Guimarães Rosa! Ele falando de sua emoção ao ler Grande Sertão, tentando aprender a dizer Riobaldo e Diadorim... juro que me emocionei viajando em pensamento de volta pra minha terra. Único livro que trouxe comigo foi Primeiras Estórias que já li e relí muitas vezes, mas que sabia ser um bom companheiro, aqui nessa travessia “rio abaixo, rio a fora, rio a dentro!”
A outra delícia: esse mesmo italiano e a espanhola começaram a comentar sobre a música brasileira e tentaram cantar alguma coisa. Daí pra frente, eu e a outra brasileira cantávamos com gosto músicas inteiras, atendendo a pedidos. Já pensaram o que foi isso?
Como é bom sentir-se reconhecido em sua própria cultura e como isso adquire um forte sentido de identidade quando se está longe.
O tempo passou sem pressa.
“Amigos a gente encontra, o mundo não é só aqui...”
“Cidades que eu nunca vi, são casas de braços a me agasalhar...”
Até semana que vem.
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